Comer Meditativo, Mindful Eating no final de ano. É possível comer consciente no final de ano?

É possível ? É possível manter a consciência desperta e focada dentro do burburinho das festividades de final de ano?

Claro que sim!

O estado meditativo é interno e depende da conexão que temos com o nosso centro. Depende daquele foco interior que não deixa perder o fio terra. Por isso, o convívio social e a atenção no contato com o mundo mobiliza em nós uma aprendizagem.

Vamos usar como exemplo as propagandas de alimentos que mobilizam apetite para uns e repulsa para outros, conforme o tipo de alimento e o histórico de cada um com aquela comida.

Quando eu vejo carne de carneiro, por exemplo, minhas associações me levam ao sofrimento do bichinho que chora ao ser sacrificado. Para outra pessoa pode mobilizar a memória prazeirosa do sabor. Outro, ainda, pode ter associações religiosas e gratidão ao animal que se oferece em sacrifício.

Prestar atenção a tudo isso antes de comer faz parte do comer meditativo. Todo esse processo está implicado na tomada de decisão de comer consciente.

E o ritmo acelerado com excesso de ofertas?

Estamos condicionados a agir conforme oferta e procura. De modo consumista, queremos comer muito e rápido como se fosse a última vez. Comemos automaticamente, pensando em comer mais ou na restrição que faremos para compensar a comilança. Consequentemente não usufruímos do prazer do comer; a “alma” já está no outro alimento ou na compensação do depois.

É um jargão, mas agir é diferente de reagir.

Isso quer dizer, quando é dada a pausa é possível perceber, sentir, retroceder à história, perceber o que nos toca, optar e depois responder.

Comer no momento presente é saborear cada mastigada com todos as sensações.

Segundo a tradição budista às sensações são seis: olfato, audição, visão, tato, paladar e mente. Portanto, comer comendo é estar presente no ato de olhar, desejar, cheirar até engolir e sentir a sensação de saciedade e satisfação.

Pensar no que não comeu ainda, no prato que está acabando, nas calorias do prato, nos exercícios que terá de fazer, nas calorias que terá de queimar as são condicionamentos e automatismos impregnados. CONTEÚDOS MENTAIS DIFÍCEIS DE LIMPAR PARA QUEM JÁ FEZ MÚLTIPLAS DIETAS.

Então, faça o exercício de chamar a alma para dentro do corpo. Isso era o que os antigos faziam através da oração e do agradecimento pelo alimento servido. O mesmo com o silêncio à mesa.

Um breve silêncio (particular) antes de comer. Uma escolha presente e meditativa daquilo que vai lhe servir de alimento para o corpo e para o espírito. Uma verificação de como a comida chegou até seu prato através desde seu estado natural e preparo.

As sobremesas costumam ser o ponto de “chute no balde”. Isso porque vêm acompanhadas de pensamentos de boicote do tipo “já que comi, então vou comer tudo!”. Mas se usarmos a consciência, vamos ver que este pensamento já nos afasta do prazer e do simples comer. É como “já que estou na rua vou me deixar atropelar”; “já que estou molhado vou me deixar afogar”, “já que estou mal na escola vou parar de estudar.” São todas atitudes usadas para desistir e justificar, pois o foco está perdido.

É importante despertar as 9 fomes como bem nos apresentou Chozen-Bays em seu livro Mindful Eating (2009) e eu apresento com alguns temperos diferentes em “Comer Meditativo”(2018).

O segredo é sempre chamar-se pelo nome e chamar a alma para o corpo! Isto é: SEJA INTEIRO NO QUE FAZ, ATÉ NA HORA DE COMER.

Boas Festas! 🍾🎉🎊

Simone Dallegrave Marchesini

CRP08/04760

Psicóloga pela UTP - 1992

Especialização em Clínica Psicanálise UFPR -1996

Especialização em Psicologia Analítica CGJUNG PUC PR -1996

Mestrado em Psicologia Social Comunitária UTP - 2013

Em especialização em TCC

Ex-presidente da Comissão de Especialidades Associadas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariatrica e Metabólica gestão 2005-2006

Ex Vice-presidente da Sociedade Paranaense de Medicina Psicossomática 1996-1997

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