O que você fez para emagrecer? Mas como você estava quando engordou?

Quando você perde peso, os olhos dos outros saltam em sua direção para saber qual o milagre que você fez para obter tal resultado. São olhares de admiração, inveja, curiosidade e até de dúvida. Mas quando você estava com excesso de peso ninguém queria saber como você estava.

As pessoas não ganham peso pelo mero acaso. Elas passam por processos difíceis em que o único ponto de equilíbrio é comer para suportar. Certo ou errado, é o que acontece. E tem acontecido cada vez mais. Haja vista o quanto o mundo está inchado.

Por trás da "cara de bolacha" há sempre alguém lutando para não comer e não ceder, ao contrário do que pensa a maioria. Quer provas? A quantidade de cirurgias bariátricas realizadas em todo mundo é enorme. E o Brasil é o segundo lugar nessa lista.

Pelo menos 5,9% dos jovens meninos e 4% das meninas na faixa entre 10 e 19 anos estão sofrendo com a batalha contra o peso. E isso não se deve à gula. Deve-se à ansiedade e ao medo da competição da vida que às espera lá fora. Comer é uma estratégia de enfrentamento.

Eu passei por isso e foi exatamente o motivo pelo qual eu escrevi o livro Comer Meditativo. Fiz múltiplas dietas e via no rosto de cada um dos meus pacientes a mesma angústia e ansiedade que eu mesma já havia passado: remédios, exercícios, críticas, vontades, exclusão, baixa autoestima e tudo aquilo que a imaginação do leitor possa supor.

Publiquei minha foto porque o corpo é algo que não se esconde. É uma espécie de ferida exposta. Você pode ter diabetes e não falar disso, mas obesidade (ou sobrepeso), todo percebem.

Ah, mas você não era gorda!! Essa frase, todos ouvem, bem como a "mas você tem o rosto tão lindo!". Todo indivíduo que ganha peso pelo chamado stress oscila de peso para mais ou para menos. Há momentos em que seu lobo pré-frontal (responsável pela crítica, vontade e foco) está mais ativado e momentos em que seu sistema límbico (a parte mais emotiva) fica no comando.

Eu ganhei 16 kg no pré vestibular. Foi uma das vezes que ganhei peso. Mas para perder este montante e manter o peso baixo o pacote envolveu: tratamento para arrumar os estragos que inibidores do apetite fizeram, exercícios físicos regulares, escolhas saudáveis (muita escolha e renúncia), fazer as pazes com alguns alimentos, mas acima de tudo CONHECER MEU CORPO.

Conhecer o corpo é sentí-lo de dentro para fora e aceitar seus limites: Quanto preciso dormir? Quando estou com sede?Posso ficar em baladas? Posso beber? O que acontece quando como carboidratos? Como meu corpo responde a enlatados? O que meu corpo diz se não me mexo? O que meu corpo sinaliza se esqueço de comer sal? Por que tenho tanto desejo de comer determinado alimento? O que esta preguiça está me falando? e muitas outras perguntas.

Sendo assim, a meditação do tipo mindfulness voltada para a alimentação foi uma gota no meu oceano. A gota que faltava. Acredito no comer meditativo como porta de entrada. Vamos?

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